20.1.08

O desfile-manifesto da Cavalera

Debaixo da típica garoa de São Paulo, a Cavalera apresentou o seu desfile-manifesto às margens do Rio Tietê. De dentro de um barco chamado Almirante do Lago, a platéia assistiu ao desfile munida de capas de chuva amarelas e máscaras contra a poluição. Após o apito de uma sirene de emergência, os modelos começaram a descer pelas escadarias do local e, sem música alguma, desfilaram em meio ao lixo acumulado na beira do Rio. O objetivo de chamar a atenção para a degradação ambiental funcionou muito bem: o contraste dos modelos em meio à poluição do Tietê chocou os convidados.

A coleção, com coordenação criativa de Marcelo Sommer, não estava tão colorida e alegre como são normalmente as peças da grife. Cores sóbrias e escuras, como o azul, o verde e o cinza fizeram parte dos looks que passaram pelo Rio Tietê. O único tom de cor que se sobressaiu em relação aos outros foi o laranja, que ilustrou um dos casacões femininos. Para as mulheres, peças mais amplas, como vestidões arrastando no chão, muito xadrez e tecidos quentes como a flanela estiveram presentes nas produções. Já na parte masculina, casacos de alfaiataria, macacões com inspiração militar, calças secas e blusas de lã ajudaram a compor os looks.

Ao final do desfile, uma nova sirene soou e os modelos ficaram parados como estátuas durante alguns segundos. Depois de mais um toque, todos começaram a se movimentar novamente, caminharam em direção às escadas e desapareceram por onde tudo tinha começado. O desfile e o protesto foram bastante aplaudidos pelo público e provocaram até pena de ver roupas tão lindas arrastadas na água imunda.

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