24.1.08

Valentino se despede da moda


Aconteceu em Paris, dia 23, o último desfile de alta-costura da carreira de Valentino Garavani, 75 anos. Anunciado desde setembro passado, o estilista alega que "este é o momento certo de dizer adeus" e quem assume a marca é Alessandra Facchinetti, ex Gucci.

O local escolhido pelo mestre para encerrar seus 45 anos de carreira foi o Museu Rodin, no centro da cidade. Em uma tenda montada nos jardins do Museu, 800 convidados prestigiaram o desfile, entre eles a atriz Uma Thurman, as modelos Claudia Schiffer e Eva Herzigova, e a designer Miuccia Prada.

A última coleção assinada pelo italiano se destaca por tailleurs em tons pastéis – rosa, azul, bege e amarelo – usados com chapéus enormes, vestidos curtos com muitos bordados e brilhos, longos sensuais e glamurosos que fizeram seu sucesso em Hollywood. Transparências sofisticadas, cintura marcada por laços e cintos, estampas de flores e longas luvas não foram esquecidas.

O tradicionalíssimo vestido “vermelho Valentino” não ficou de fora. No final, 30 modelos entraram na passarela usando o mesmo modelo. Valentino veio depois, saudando os convidados, jogando beijos e foi ovacionado por uma platéia emocionada.

Foto reprodução

23.1.08

O verdadeiro inverno de Gloria

No nono andar do shopping mais chique de São Paulo, o Iguatemi, Gloria Coelho desfilou sua coleção de inverno 2008. A estilista apresentou um homem e uma mulher cosmopolita, que mesmo no frio gosta de se vestir bem.

Gorros, bolsos, golas altas, calças justas e jaquetas militares. É assim que o homem Gloria Coelho sai no inverno. Sempre de preto e cinza, com botas nos pés e sobreposições.

Casacos de franjas, de tweed, de pele, com barras que pareciam saias godês. Enfim, um inverno com cara de inverno europeu, onde existem sempre muitas camadas de peças, como nos vestidos usados com bermudas de pele e anáguas de paetê por baixo, trench coats com shorts e meia calça fumê e casacos com uma espécie de colete embutido.

Por baixo dos casacos, vestidos com babados, tomara que caia, decotes enfeitados por cristais, brilhos, correntes e paetês em formato de flor. Algumas leves transparências e muitas golas altas. Todos usados com botas cheias de fivelas e bolsas feitas em parceria com a Kipling.

Apesar de a coleção se chamar “Fur”, todas as peles eram sintéticas e Gloria mostrou seu apoio às causas ambientais em um look em que a estampa era de bebês foca. O impacto foi tão grande que se ouvia suspiros e exclamações de “Ai, que lindo!” em toda a platéia.

A cartela é digna de inverno, com preto, marinho, vinho, cinza, marrom, ferrugem e tons de azul e verde, todos nos tons mais escuros.

Nos trilhos da moda

Apagam-se as luzes e todo mundo segura o fôlego. Quando começa a música e as primeiros looks entram na passarela, a grande surpresa: ao invés de desfilarem, as modelos ficavam em pé em um travelling, carrinho que corre por trilhos. A platéia foi ao delírio e os aplausos começaram ali.

Sempre de dois em dois, os looks eram vestidos justos e curtos, calças pantalonas, casacos em matelassê, macacões e mini saias godê. Uma graça! A silhueta era justa, com roupas com laços e cintos marcando a cintura. Tudo com toques oitentista.

A grande marca da Neon, a estamparia, estava presente e arrasando! Flores, selos, cavalos, tartarugas, gravatas e fachadas, tudo trabalhado em formas orgânicas e multi coloridas.

Algumas sobreposições e muita transparência, como detalhe ou até mesmo na peça inteira. A alfaiataria, linha que Dudu Bertholini e Rita Comparato imprimem na sua marca há algum tempo, dessa vez veio em blazers, nos macacões com lapela e nas calças que todo fashionista deve ter, as pantalonas.

A cartela de cores era sóbria nos pretos, marrons, azuis e cru, mas com toques de explosão de cores, nos amarelos e no jamaica.

Todos as composições eram complementadas por óculos escuros arredondados, luvas e botinhas, que vinham em vermelho, azul, dourado e marrom.

Na entrada final, aplausos e gritos para os dois estilistas, que entraram brincando e saudando o público.

22.1.08

Tá fazendo a cabeça....




Ele tem vários nomes: arco, tiara, diadema, passadeira, entre outros... Esse acessório voltou a cena da moda entre os mais antenados.

Seguindo a onda das faixas, ele vem, aos poucos, ganhando seu espaço. Lançado em coleções de verão de algumas marcas como a Maria Bonita Extra e Farm, no Rio de Janeiro, o acessório foi super disputado e ganhou fãs.

"Adoro usar o meu de flores , me sinto meio menina", diz Lívia Gomes, fã do arco.

Com adereços como flores e passáros aplicados, metalizados, de acrilico, plástico e várias cores e formas, o arco vem fazendo a cabeça da mulherada. Usado tanto de dia, quanto de noite ele renova qualquer look.

Modelo é o que não nos falta! Vamos lançar mão dos nosso e dar uma repaginada no visual!

Fotos reprodução

21.1.08

Reminiscências de Ronaldo

Fechando essa edição do SPFW com uma enorme chave de ouro, Ronaldo Fraga, que teve seu primeiro emprego numa loja de tecidos, usou essa lembranças para desenvolver a coleção do próximo inverno.

Na passarela, roupas de formas largas dependuradas em varais, todas em tule branco, música dos anos 50, lâmpadas fluorescentes, davam um clima tranqüilo e harmônico ao ambiente.
Toda essa recordação de “coisas” antigas pôde ser vista nas estampas com desenho de rolos de tecido, aplicações de flores e muito bordado com carinha de “feito á mão”. Um conjunto de detalhes e delicadeza!Tecidos com textura também fizeram a vez da estamparia, como o xadrez e o príncipe de Gales.

Preto, rosa, pink, magenta, roxo, lilás, laranja e palha. Esses foram os tons que se espalharam no meio de tantas formas amplas, cortes retos e largos, mangas evasês e quadradas, golas canoa bem largas, deixando os ombros à mostra, golas de festa, muitos detalhes de plissados e drapeados, calças e macacões largos. Os cortes que lembravam muito os vestidos dos anos 20 devido a altura do corte no quadril e os anos 50 com as pregas macho e fêmea, deram um toque especial aos looks desfilados.

Nós pés, sapatos boneca acetinados completaram a magia da passarela de Ronaldo Fraga, assim como as luzes no penteado das modelos antes da entrada triunfal do estilista. O SPFW não podia ter terminado de melhor!

Luxo na passarela, o desfile vai começar

O Glamour tomou conta da passarela no desfile de André Lima para esta edição do SPFW. O estilista, famoso pelas suas estampas e referências amazônicas, iniciou o desfile com o preto total, surpreendendo pela arquitetura das peças, que por vezes desafiavam as leis da costura.

Com cortes precisos e seguindo as tendências para o inverno, André abusou dos curtos nas mais diversas modelagens como no vestido balonê, que teve nas mangas a mesma estrutura. Destaque também para o modelo da abertura, um preto tomara-que-caia liso nas costas e trazia na frente largas tiras pregueadas, que formavam vários laços pelo vestido. Provando que os curtos também podem ser elegantes.

O estilista deu importância maior às formas, em detrimento das estampas, como na manga bufante recolhida em formato de rosa, nos tecidos enrugados e prensados e nos diversos detalhes em fru-fru. A parte de estamparia estava lá, mas em um clima muito conceitual, como no vestido listrado em rosa e laranja, cuja barra mais parecia uma cortina drapeada.

Os vestidos longos, ao final do desfile, deram o clima Hollywoodiano que faltava. Estes seguiam as mesmas referências apresentadas nos curtos, mas com ares de diva dos anos dourados do cinema americano.

Colaboração de Liane Banca


O que seria impossível usar numa motocicleta?

O ar futurista com inspiração em um filme estrelado por Marianne Faithfull tomou conta do desfile de Priscilla Dalrot. O primeiro look parecia ter saído direto de “Os Jetsons”, devido à rigidez do tecido e às formas arrojadas, com uma saia em formato de sino e volumes nos ombros.

Quase todas as peças levavam aplicações de zíperes e vivos de verniz, o que colaborava com o aspecto arrojado da coleção. O preto domina a maioria dos looks, que passam também pelo marrom e com alguns flashes de neon pink e um amarelo meio pálido. O diferencial ficou por conta do fio tinto listrado que deu vida ao short de prega fêmea e nas golas, cada uma em um estilo.

As roupas pareciam mesmo saídas do filme-inspiração “The Girl on a Motorcycle”, somente errando na filosofia. O filme trata da liberdade feminina em cima de duas rodas mas as roupas não pareciam dar tanta liberdade assim para as modelos, que mais pareciam estátuas ambulantes devido à rigidez do tecido. Como destaque do absurdo, a saia longa e justa sem fendas, que obrigava a modelo a andar como uma gueixa.

A estilista curitibana estreou na Ellus e há 1 ano lançou sua própria marca, sendo esta a sua primeira edição no SPFW, tendo já participado de desfiles de novos criadores.

Colaboração de Isabela Siqueira

O conceito confuso da Amapô

A estamparia estava toda lá, mas o que era aquela overdose de franjas? Elas vinham nas calças, blusas, saias e pochetes, exageradamente, como se as estilistas não soubessem o que fazer com a tendência cowboy da temporada. O clima ficou ainda mais confuso pelos chifres e as cartolas com orelhas de coelho que adornavam as cabeças dos modelos. E tudo isso ao som de RPM. Uma revolução? Não dá pra dizer se era essa a idéia, ou se era confusão a palavra-chave.

As estampas, forte da marca, estavam bem coloridas estilo anos 70 e 80, com vestidos de seda e casacos de moletom masculinos. Muita camurça como na saia de franjas azul, nas pochetes e em alguns casacos.

Nos pés, destaque para as botas femininas abertas, com amarrações pela perna feitas, com exclusividade, por Meline Moumdjian para a Amapô. Na ala masculina, tênis de cano-longo, bem coloridos como nos anos 80.

Nas golas, o interesse ficou por conta de um tricô com enchimento em formato de conchas, algumas desciam até mesmo pelas mangas, dando um ar futurista e conceitual.

Carol Gold e Pitty Taliane assinaram a coleção, que saiu do óbvio com estampas, para a óbvia estampa com peças conceituais.

O cowboy de Herchcovitch


Passarela de madeira rústica e clima faroeste compuseram o cenário para o desfile de inverno masculino de Alexandre Herchcovitch. O primeiro modelo entrou ainda no escuro, levado somente pela batida da música country. Luzes acesas e a curiosidade sobre o primeiro look saciada: poncho de couro, calça e botas de vinil.

No decorrer do desfile, foram apresentadas calças skinny, coletes, casacos de capuz e, mais para o final, ponchos de lã com fios diferenciados que deram um efeito interessante às peças. Apareceram muitos detalhes de franjas, transparências e algumas peças de alfaiataria.

A coleção se focou em torno dos pretos e marrons, que somente em dois momentos saíram de cena para a entrada de uma calça e uma blusa pink.

Os modelos tinham os rostos sujos por uma maquiagem que dava um efeito de terra e com os cabelos cheios de gel, penteados para trás.

Nas cadeiras, o brinde era uma miniatura do Punto, carro estilizado por Herchcovitch para FIAT. Já os convidados da primeira fila levaram para casa uma bolsa com pequena variedade de broches e o famoso carrinho.

Foto: Clarissa Magalhaes

Toque andrógino na passarela de Simone Nunes

Um toque andrógino desfilou na passarela de Simone Nunes, começando pelos calçados, que lembravam um sapato masculino, porém de salto largo e corte na frente que deixava os dedos à mostra, dando um certo fetichismo ao pés. Modelagens secas em suas formas e amplas nos detalhes foram uma forte característica da coleção, sendo usadas nos vestidos, saias, bermudas e macacões. Balonês, godês, barras estruturadas e mangas 7/8 também estiveram presentes.

Inspirada no universo grunge e das motos, a estilista desenvolveu suas estampas para uma linha de tricô que também remetia ao universo masculino, mas com um bom toque de sensualidade, como nos vestidos até os joelhos com super decotes em “V”.

Para concentrar todo esse estilo, as modelos usaram camisas pólo, pullovers, cardigans e headpieces (imensas boinas em malha com estrutura seca) e bolsas em couro e camurça providas de imensas franjas.

Os tecidos em lã, viscose, seda metalizada e tecido com fio de inox, foram utilizados nas cores prata, cinza, marinho, preto, branco e vermelho.

20.1.08

Luxo da realeza britânica no desfile de Samuel Cirnansck


A coleção de inverno de Samuel Cirnansck foi inspirada na aristocracia inglesa e no Império Britânico. O desfile foi marcado por muito luxo nas produções e ressaltou os ícones da cultura britânica, como o kilt escocês, as caçadas, o movimento punk e a alta-costura.

No início do desfile, animais empalhados compunham o cenário e o som da gaita escocesa embalou a entrada dos modelos. As formas apresentadas foram mais secas, como saias lápis e vestidos colados ao corpo, enfeitados com muito strass, xadrez, peles e rendas. Um dos momentos de destaque foi a entrada de uma modelo acompanhada de um cão da raça Whippet, originário do Reino Unido.

O xadrez do clássico tartan escocês imperou nas passarelas e esteve presente na maior parte dos looks, seja em saias, casacos ou vestidos. Como principais tecidos, a lã, o veludo, o shantung, o jersey e o tafetá. Nas cores, o predomínio do preto, do cinza e do vermelho.

Os vestidos lembravam o luxo e o poder da realeza britânica, com anáguas dando volume e sustentação às saias e blusas com armações metálicas. Os ombros à mostra deram charme e sensualidade à coleção.

Para encerrar o desfile, uma noiva segurando um buquê de rosas vermelhas atravessou a passarela e antes mesmo dela sair, o público já aplaudia a apresentação. Mas ainda tinha mais por vir: quatro homens vestidos de escoceses entraram tocando as famosas gaitas-de-fole, tradicionais da Escócia. Só então Samuel entrou no salão, desfilou de braços dados com a noiva e foi aplaudido de pé pela platéia. Um show!

Foto: Clarissa Magalhaes

O japonês romântico de Érika Ikezili

Em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, a estilista Erika Ikezili trouxe uma coleção inspirada no conto de Uto, a primeira filha de japoneses nascida no Brasil. A projeção de um sol nascente, fazendo alusão à bandeira nipônica, deu início ao desfile.

Assim como no conto, em que a mãe de Uto usou seus quimonos para fazer roupas ocidentais para si, Erika desconstruiu a indumentária japonesa e criou uma coleção rica em detalhes e estampas. O roupão japonês foi transformado em blusas, saias e vestidos, incrementados com laços, babados e rendas. A seda pura foi substituída por tafetá cristal, tule fortuny e matelassê.

Para este inverno, a designer de moda resgatou as calças clochard e fuseau. Destaque para o patchwork entre poás, listras, flores, tucanos e desenhos orientais. Renda metalizada, bordado inglês, babados e recortes enfeitavam vestidos e blusas acinturados.

As tradicionais cores de inverno foram misturadas ao rosa claro, ao verde e aos tons tônicos, como dourado e rosa chiclete. As maxis –bolsas e carteiras, ganharam frufrus coloridos e detalhes em dourado. Nos pés, as botinhas com pêlos e os sapatos de verniz reafirmaram o romantismo de Érika Ikezili.

O desfile-manifesto da Cavalera

Debaixo da típica garoa de São Paulo, a Cavalera apresentou o seu desfile-manifesto às margens do Rio Tietê. De dentro de um barco chamado Almirante do Lago, a platéia assistiu ao desfile munida de capas de chuva amarelas e máscaras contra a poluição. Após o apito de uma sirene de emergência, os modelos começaram a descer pelas escadarias do local e, sem música alguma, desfilaram em meio ao lixo acumulado na beira do Rio. O objetivo de chamar a atenção para a degradação ambiental funcionou muito bem: o contraste dos modelos em meio à poluição do Tietê chocou os convidados.

A coleção, com coordenação criativa de Marcelo Sommer, não estava tão colorida e alegre como são normalmente as peças da grife. Cores sóbrias e escuras, como o azul, o verde e o cinza fizeram parte dos looks que passaram pelo Rio Tietê. O único tom de cor que se sobressaiu em relação aos outros foi o laranja, que ilustrou um dos casacões femininos. Para as mulheres, peças mais amplas, como vestidões arrastando no chão, muito xadrez e tecidos quentes como a flanela estiveram presentes nas produções. Já na parte masculina, casacos de alfaiataria, macacões com inspiração militar, calças secas e blusas de lã ajudaram a compor os looks.

Ao final do desfile, uma nova sirene soou e os modelos ficaram parados como estátuas durante alguns segundos. Depois de mais um toque, todos começaram a se movimentar novamente, caminharam em direção às escadas e desapareceram por onde tudo tinha começado. O desfile e o protesto foram bastante aplaudidos pelo público e provocaram até pena de ver roupas tão lindas arrastadas na água imunda.